quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Instituto Akatu debate consumo sustentável na ONU

Durante quatro dias no começo deste mês representantes dos Estados-membros das Nações Unidas se reuniram em Nova York, nos Estados Unidos, para discutir propostas para a implantação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pelo documento O futuro que queremos, elaborado durante a Rio+20.


No painel sobre consumo e produção sustentáveis o brasileiro Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu e conselheiro do Planeta Sustentável foi convidado a participar dos debates sobre o assunto. Além dele, fizeram parte das discussões William McDonough, fundador do McDonough + Partners e Karti Sandilya, conselheiro do Institute Blacksmith. “Dentre aquilo que vem sendo debatido sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável talvez este seja um dos temas, principalmente pelo lado do consumo, que vem tendo menor ênfase”, avalia Mattar.  

A reunião de especialistas nas Nações Unidas teve como objetivo justamente dar tratamento dentro dos ODS à questão do consumo. Helio Mattar apresentou dois documentos que refletem a questão da sustentabilidade neste setor tanto no Brasil como no mundo: o relatório Estado do Mundo 2013 – A Sustentabilidade ainda é Possível? e a Pesquisa Akatu 2012 – Rumo à Sociedade do Bem-Estar.
Segundo o diretor do Instituto Akatu, há uma enorme concentração de consumo nas mãos de menos de 20% da população mundial, que consome cerca de 80% de todos os produtos e serviços do planeta. E a cada ano entram no mercado de consumo de massa mais 150 milhões de pessoas, o que representará nos próximos 20 anos aproximadamente três bilhões de novos consumidores. “Já com a situação que temos atualmente, a Terra não tem sido capaz de regenerar os recursos naturais e os resíduos provenientes do consumo e da produção. O que acontecerá então quando entrarem mais três bilhões de pessoas no mercado consumidor?”, questiona.  

Para Helio Mattar, é inevitável que haja uma mudança do modelo de consumo e para isso será necessário mudar também o estilo de vida das pessoas. “Minha proposta é que devemos sair de uma sociedade do consumo para uma do bem-estar, em que se buscam formas pelas quais os produtos e serviços possam atender a uma demanda de bem-estar”, defende o diretor do Akatu. Para tal, deverão ser utilizados indicadores que mensurem não o crescimento da economia, mas o percentual da população que fique acima de um nível mínimo de bem-estar, o uso de recursos naturais por unidade de bem-estar e por último, o impacto ambiental.  

Outra proposta apresentada por Mattar durante o painel das Nações Unidas, mas que foi considerada polêmica, é a de diminuir a carga horária de trabalho da população mundial. “Precisamos rearticular a distribuição do tempo das pessoas ao longo da vida de maneira a dar uma maior ênfase ao desenvolvimento pessoal e espiritual e colocar o trabalho como um elemento e não o elemento de utilização de tempo durante a vida adulta”, diz o executivo. Esta mudança também seria necessária para a sustentabilidade econômica, dado que os fundos de pensão públicos e privados não vão suportar manter uma população cada vez mais velha. Além disso, uma jornada de trabalho menor possibilitaria o emprego de um maior número de profissionais, principalmente jovens, diminuindo índices de desemprego que assolam países como Espanha e Grécia.

Entre os especialistas estrangeiros que estiveram presentes no encontro das Nações Unidas há um consenso de que o impacto ambiental está muito além do que a Terra é capaz de absorver e a necessidade da inclusão dos três bilhões de pessoas das classes emergentes que entrarão no mercado nas próximas duas décadas. “A grande divergência aparece quando falamos em que tipo de consumo deveremos ter”, revela Helio Mattar. “E aí aparecem dúvidas também sobre o quão difícil será mudar o comportamento do consumidor e ainda, se a velocidade da mudança será suficiente para reverter o atual impacto ambiental no planeta”.
Os principais pontos acordados pelo grupo de trabalho do painel vão ser colocados em um documento e propostos à Assembleia Geral da ONU sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável que acontecerá em março.

fonte: planeta sustentável - abril

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