O crescimento das vendas da anglo-holandesa Unilever nos mercados
emergentes - que representam mais da metade de sua receita - desacelerou
para 5,9% no terceiro trimestre, após nove meses de consecutivas altas
de dois dígitos. Na América Latina, a taxa foi ligeiramente menor: 5,4%,
em comparação com o mesmo período do ano passado. Esses percentuais já
são ajustados, excluindo impactos cambiais, aquisições e alienações.
No
Brasil, as vendas no trimestre também foram afetadas negativamente pela
implementação do software de gestão SAP e pelo recolhimento dos sucos a
base de soja Ades, em março. Na ocasião, 96 embalagens do produto foram
envasadas com uma solução de soda cáustica, usada para limpar a máquina
na fábrica.
Em teleconferência com analistas ontem, o
executivo-chefe da Unilever, Paul Polman, disse que estava tão
decepcionado com a performance da companhia no trimestre quanto os
investidores. Ele disse que sabia que não era possível manter as taxas
no alto por muito tempo, mas que o impacto cambial acelerou o processo.
A
desvalorização das moedas locais em mercados emergentes foi ampla, com
os maiores impactos no Brasil, Índia, África do Sul, Indonésia,
Argentina e Turquia - todos países onde a Unilever tem grandes negócios,
disse Jean-Marc Huët, diretor financeiro global da Unilever.
A
companhia aumentou os preços em 6% na América Latina no período e vendeu
apenas 0,5% mais em volume. Segundo Huët, desconsiderando os eventos no
Brasil, o crescimento das vendas na região teria se aproximado de 10%.
Huët
disse que a fabricante, dona de marcas como Omo, Dove e Kibon, prepara
lançamentos mais "robustos" e a entrada em categorias que ainda não
atuava. Ele citou como exemplo a chegada dos limpadores Vim e Cif no
Brasil.
A Unilever continua apostando nos mercados emergentes,
onde faturou € 6,9 bilhões no terceiro trimestre. Nos países
desenvolvidos, a companhia registrou queda de 0,3% nas vendas ajustadas,
para € 5,5 bilhões.
Segundo Polman, a Unilever já lidou com
desvalorizações de moeda e níveis de inflação piores do que os atuais.
"Nós sabemos como conduzir nossos negócios nessas situações", afirmou. O
executivo disse que espera um crescimento com maior estabilidade nos
mercados emergentes, já que muitas moedas que haviam se depreciado se
recuperaram parcialmente. "Mas nossa experiência sugere que pode levar
alguns trimestres para que os efeitos da desvalorização passem e para
que as taxas de crescimento melhorem novamente", afirmou.
O
faturamento global da Unilever recuou 6,5% no terceiro trimestre em
comparação ao mesmo período do ano passado, para 12,5 bilhões de euros.
Desconsiderando o impacto cambial, aquisições e alienações, as vendas
ajustadas cresceram 3,2%. Foi o pior desempenho da empresa desde o
quarto trimestre de 2009. Sem ajustes, todas as regiões registraram
queda no faturamento, afetadas por um impacto cambial negativo de 8,5%.
Polman
disse que iniciou um programa para simplificar os principais processos
da companhia. A Unilever também está enxugando seu portfólio de
alimentos e concentrando o foco em cinco categorias: margarina, chá,
sorvete, condimentos e temperos. A companhia se desfez de negócios nos
Estados Unidos e na Turquia neste ano e, segundo Polman, pode continuar
vendendo marcas menores e não estratégicas nesse segmento para ter um
portfólio "totalmente correto".
fonte: Valor Econômico
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